IURD é investigada em Portugal por rede ilegal de adoções de crianças

LISBOA, POR (OREPORTER.COM*) - A Igreja Universal do Reino de Deus se tornou alvo de investigações em Portugal. O motivo é uma série de reportagens exibida pela emissora TVI, na qual aponta que a entidade é suspeita de estar presente em uma rede ilegal de adoções de crianças. O Ministério Público de Portugal abriu inquérito sobre o caso.

As reportagens estão sendo exibidas até o dia 22 de dezembro na grade da estação portuguesa. O material é fruto de uma longa investigação feita pelos jornalistas através de dez mil documentos e na consulta de 40 processos sobre os trâmites da adoção ilegal. Esse esquema levava crianças portuguesas para outros países, através de bispos e pastores da Igreja Universal.

Segundo a TVI, essa rede teria começado na década de 1990. Na época, o líder da Igreja Universal, Edir Macedo, teria ordenado que pastores e bispos fizessem vasectomia para que não tivessem filhos e que ficassem mais comprometidos com as obras da entidade. Após o casamento de suas filhas, o bispo da IURD, porém, passou a incentivar que os membros da igreja adotassem crianças.

Nessa parte entra o Lar Universal, uma instituição que fazia obras sociais para a igreja em Portugal. De acordo com a reportagem, as crianças eram roubadas de famílias em vulnerabilidade social e entravam em processo de adoção, sendo levadas ao exterior. O material exibe também depoimento de Alfredo Paulo Filho, ex-pastor da IURD, e de sua família.

De acordo com a reportagem da TVI, os próprios netos adotivos de Edir Macedo provêm dessa rede de tráfico de crianças.

Resposta

A Igreja Universal se pronunciou sobre o caso. A entidade afirma estar sendo vítima de "campanha difamatória" e promete processar a TVI e o ex-pastor que, segundo a igreja, saiu em 2013 em um acordo entre as partes após "condutas impróprias".

"O escritório central da Universal já foi contatado e os seus membros, em Portugal e fora do país europeu, apresentarão inúmeras ações contra TVI em Portugal e no exterior. As adoções de que temos conhecimento ocorreram em Portugal e foram decretadas pelo Tribunal de Família e Menores de Lisboa (capital portuguesa). Aliás, a matéria que será veiculada fala em adoções ilegais decididas pelos tribunais, o que é um evidente contrassenso", alegou a Igreja, em nota.

"As crianças foram encaminhadas pela Segurança Social e pela Santa Casa de Misericórdia de Lisboa para um Lar – que evidentemente à época não era ilegal –, e vários pais adotivos se candidataram a adotá-las. Contam-se pelos dedos de uma mão as crianças que foram adotadas por essa via – com decisão judicial, sublinhe-se – por casais ligados à Universal." (*com agências)