
Alex de Souza e Ralph Guichard
SALVADOR (O REPÃRTER) - Estar em uma cidade tão bela e charmosa como Salvador é um privilégio para qualquer pessoa do mundo. Passar o dia inteiro de folga por lá, ainda por cima, melhor ainda. Tivemos essa oportunidade nesse domingo (23), graças ao técnico Luiz Felipe Scolari. Como estamos cobrindo o dia a dia da seleção brasileira, a folga atribuÃda aos jogadores acaba beneficiando também os jornalistas, que ganham tempo para recarregar as baterias. Em pleno fim de semana, com uma competição internacional de futebol ocorrendo na cidade, a Copa das Confederações, e uma das principais festas populares sendo realizada, o São João, a cidade estava recheada de turistas ansiosos para desbravar a rica cultura e as sensacionais paisagens da região. A maioria, entretanto, esbarrava no singelo bordão: "só na terça-feira, meu rei".
O roteiro era o mais simples possÃvel: conhecer os principais atrativos utilizando apenas o transporte público. E a jornada já começou positiva desde a manhã. Naquela data, as passagens de ônibus custavam a metade do preço tradicional: R$ 1,40.
Após uma pequena caminhada da praia de Amaralina, onde ficamos hospedados, até o Rio Vermelho, partimos para a primeira parada: a praia da Barra. De longe, já era possÃvel avistar os arrecifes, que davam um brilho especial ao lindo cenário. Depois de passar pela imagem do Cristo Redentor, a primeira parada definia o que Ãamos encontrar por todo o passeio. Ao nos depararmos com o Farol da Barra, vimos várias pessoas tirando fotos e curtindo o cenário no lado de fora, já que o Museu Náutico da Bahia estava fechado. Ao perguntar ao vigia que fazia a segurança, a resposta: "Só na terça-feira, meu rei!"
Depois das primeiras praias, chegara a hora de partir para o Centro histórico. No agitado Pelourinho, crianças batucavam e baianas vendiam acarajé e vatapá no ambiente devidamente decorado para o São João. Na fila de espera para pegar o Elevador Lacerda, que custava modestos 15 centavos para utilização, um homem passava com uma cobra pendurada. Segundo ele, era para consumo próprio, para o espanto dos que dividiam conosco o elevador.
Ao chegar à Cidade Baixa e procurar o Mercado Modelo para comprar as lembranças, adivinhem? Fechado! Ao perguntar a um vendedor de cocos, devidamente instalado na sombra da pracinha, a que horas abriria o comércio, a resposta: "Só na terça-feira, meu rei".
Sem as lembranças, o jeito foi seguir para a Igreja do Bonfim. Será que até o sÃmbolo maior da religiosidade baiana também só abriria na terça-feira? Felizmente, Deus estava de plantão! Portas abertas e missa sendo celebrada.
Na porta da igreja, sÃmbolo da religiosidade baiana, ambulantes abordavam os turistas tentando empurrar as tradicionais fitinhas e outros "souvenirs". Quem se precipitava, acabava gastando mais, uma vez que lojinhas no outro lado da rua vendiam o mesmo produto com o dobro da quantidade pela metade do preço.
Com os pedidos já realizados, a fome passou a chamar a atenção. Uma simpática vendedora da região nos indicou uma rua próxima que possuÃa uma série de restaurantes. No fim de uma caminhada de 10 minutos, a surpresa, ou melhor, o bordão: "só na terça-feira, meu rei". Tudo fechado.
Infelizmente, quem estava na cidade para acompanhar a festa de São João ou o jogo do Brasil na Copa das Confederações não se programou para seguir em Salvador até a terça-feira, quando a cidade voltaria a funcionar. Porém, mesmo com os principais pontos turÃsticos fechados, a beleza que ronda as praias e construções é algo que poucos lugares do mundo conseguem ter em todas as terças-feiras do ano e, também, nos demais dias.