CIDADE DO VATICANO - O papa Francisco afirmou em entrevista divulgada neste domingo (18) que o processo judicial que condenou à prisão o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, é um "caso paradigmático", principalmente porque começou baseado em "fake news" e por não dar a "impressão de que foi decente".
A declaração foi dada após o Pontífice ser questionado pelo editor do jornal espanhol ABC, Julián Quirós, e o correspondente no Vaticano, Javier Martínez-Brocal, sobre o que acha do caso do petista, eleito presidente do Brasil novamente após ser julgado e preso.
"É um caso paradigmático. O processo de julgamento começou com notícias falsas na mídia, 'fake news', que criaram uma atmosfera que favoreceu seu julgamento", declarou o argentino.
Segundo o líder da Igreja Católica, "o problema das 'notícias falsas' sobre líderes políticos e sociais é gravíssimo", porque "podem destruir uma pessoa".
Lula passou 580 dias na prisão e foi impedido de concorrer às eleições presidenciais de 2018. No entanto, em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) revogou todas as sentenças ao reconhecer a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro na condução do processo que condenou o petista no caso do tríplex no Guarujá (SP).
Com a confirmação da decisão do colegiado, o processo terá que ser retomado do início e ser remetido para a Justiça Federal em Brasília e não Curitiba, como havia sido feito. Antes disso, a pena do então ex-presidente era de 8 anos e 10 meses de prisão.
"Não sei como acabou. Não dá a impressão de que foi um processo decente. E a esse respeito, cuidado com aqueles que criam o clima para qualquer processo", adverte Francisco, lembrando que "eles fazem isso através da mídia de forma a influenciar aqueles que devem julgar e decidir".
Para Jorge Bergoglio, "um julgamento deve ser o mais limpo possível, com tribunais de primeira classe que não tenham outro interesse senão manter a justiça limpa".
"Esse caso no Brasil é histórico, não estou querendo fazer política. Estou contando o que aconteceu", concluiu o Santo Padre, que em 2019 chegou a enviar uma carta a Lula pedindo para ele não "desanimar" e citando as "duras provações" enfrentadas pelo petista, como as mortes de sua então esposa, Marisa Letícia, de seu irmão Genival Inácio e de seu neto Arthur.
Lula se reuniu com o Papa em fevereiro de 2020, no Vaticano, para debater sobre a intolerância, desigualdade social e forme.
Ontem, inclusive, o presidente eleito do Brasil parabenizou Francisco por seu aniversário de 86 anos e exaltou a luta do religioso contra à fome e desigualdade, afirmando que ele "é um exemplo de vida, solidariedade e dedicação".
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