RIO DE JANEIRO (O REPÓRTER) - De um lado, a atual campeã do mundo, repleta de craques do futebol europeu com diversos títulos na carreira, como Iniesta, Xavi e Casillas. Do outro, uma equipe em formação, com jovens promessas e atletas focados em um único objetivo: voltar a colocar o país no topo do cenário esportivo mundial. Se a Espanha entrou em campo com o rótulo de possuir um toque de bola bonito e atraente, por outro, acabou vendo um show de técnica e tática do Brasil. A equipe liderada por Felipão brilhou neste domingo (30) e, em pleno Maracanã, venceu por 3 a 0. O título da Copa das Confederações reacende a chama da luta pelo título da Copa do Mundo de 2014.
Antes mesmo da bola rolar, a paixão dos torcedores no momento do Hino Nacional já antecipava que o clima seria de muita garra e disposição. O carinho mexeu com o sentimento dos jogadores do Brasil de tal forma que, logo no segundo minuto do jogo, a seleção foi ao ataque. Cada passo que Fred e Neymar davam em direção à área fazia o coração do público pulsar mais forte. Até que, após o cruzamento de Hulk, a dupla de atacantes se antecipou e fez a zaga rival bater cabeça. Melhor para Fred que, mesmo caído, conseguiu tocar na bola e fuzilar a rede, abrindo o placar e disparando o sorriso no rosto dos brasileiros.
Mas o confronto era quente, afinal de contas, a partida valia o título da Copa das Confederações. Aos nove minutos, Fernando Torres entrou forte em Marcelo no meio de campo e gerou um princípio de confusão. Após discussões mais acaloradas, o árbitro tratou de afastar os atletas e reiniciar o duelo, sem qualquer advertência.
E o Brasil estava mesmo com a corda toda. Acuada com a pressão inesperada, a Espanha tentou sair jogando e acabou errando um passe na área defensiva. Paulinho fez a recuperação e, em uma boa visão, tentou encobrir o goleiro adversário. Casillas, com a ponta do dedo, evitou o gol. Depois, em jogada de contra-ataque, Neymar recebeu um lançamento magistral de Marcelo e avançou rumo à área rival. Quando já havia passado pelo último marcador, o camisa 10 acabou derrubado por Arbeloa. Os brasileiros pressionaram o juiz a expulsar o zagueiro, porém, o cartão foi apenas amarelo.
Vaiados o tempo inteiro pelo público, os espanhois ainda tentaram aprontar. Aos 19 minutos, Iniesta chutou com perigo de fora da área. Julio César, entretanto, saltou com estilo no canto direito e fez a defesa, jogando a bola para escanteio. Depois da cobrança, Fernando Torres subiu mais alto do que a zaga e, por pouco, errou a cabeçada.
A vantagem da equipe de Felipão poderia ter sido aumentada aos 32 minutos, se Fred não tivesse desperdiçado uma excelente oportunidade. O centro-avante recebeu um passe na medida de Neymar, ficando de frente para Casillas, que fez a defesa. Na sequência, no escanteio, o camisa 9 ainda surgiu como um foguete para cabecear, entretanto, errou o alvo. Seis minutos mais tarde, Pedro avançou com muita velocidade pela direita e recebeu a bola em totais condições de marcar. Ele chutou rasteiro, a bola passou por Julio César, porém, David Luiz surgiu como um raio e, de carrinho, salvou em cima da linha.
Quando a etapa inicial já carimbava uma vitória simples por 1 a 0, brilhou mais forte a estrela de um jogador do Barcelona. Ao contrário do que muitos pensavam, todavia, não foi um espanhol, mas sim o craque da camisa 10 do Brasil. Neymar trocou passes com Oscar e, com um chute seco, estufou a rede: 2 a 0.
Na volta para o segundo tempo, Del Bosque tirou Arbeloa e botou Azpilicueta com o objetivo de corrigir os erros defensivos na direita. De pronto, entretanto, nada adiantou. Isso porque Hulk avançou exatamente por aquele lado e teve boa visão para virar o jogo. Esperto, Neymar passou da bola, que encontrou o artilheiro Fred. O centro-avante correspondeu e fez mais um, transformando o placar em goleada.
Ao ver a equipe levando um verdadeiro baile, o técnico espanhol tratou de mexer novamente no time, tirando o apagado Mata para lançar o veloz Jesús Navas. O meia-atacante, logo na primeira jogada, acabou sendo derrubado dentro da área por Marcelo: pênalti. Ao saber da marcação do juiz, a torcida reclamou bastante, mas, no fundo, sabia que tinha um goleiro com boa capacidade em pegar penalidades máximas. Ao observar Sérgio Ramos correr para a bola, Julio César nem precisou tocar na bola, já que o zagueiro cobrou muito mal e chutou para fora.
Se o ataque brasileiro era efetivo, a defesa atuava de maneira firme e eficaz. David Luiz ganhava todas as bolas divididas, ajudando também a ligar os contra-ataques. Um pouco mais à frente, Luiz Gustavo comandava como poucos a marcação, ajudado pelo parceiro Paulinho. A parte física, treinada com afinco pelo preparador Paulo Paixão durante quase um mês, também sobrava em relação aos rivais. O gás do Brasil era tanto que, em rápida movimentação, Neymar passou por Piqué e foi derrubado com força. Como resultado, o zagueiro recebeu o cartão vermelho e foi expulso. A torcida agradeceu gritando pelo nome de "Shakira", namorada ilustre do atleta, que assistia ao jogo de um camarote no estádio.
A Espanha ainda tentou descontar no final, com Pedro, no entanto, Julio César fez uma boa defesa e salvou. Depois foi a vez de Villa tentar com um chute forte, que parou novamente nas mãos do camisa 12.
No fim, o apito final do árbitro sinalizava o término de um verdadeiro massacre brasileiro, no dia em que a campeã do mundo teve que se render ao futebol pentacampeão mundial. Festa no Maracanã lotado, que voltava a ser protagonista de grandes momentos da seleção brasileira. Depois de ver o capitão Thiago Silva levantando o troféu da Copa das Confederações, ficou no interior de cada torcedor aquela vontade de ver o ato se repetir em 2014. Quem sabe o sonho não vira realidade?
BRASIL 3 X 0 ESPANHA
Estádio do Maracanã - Rio de Janeiro/RJ
BRASIL: Julio César, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho (Hernanes) e Oscar; Hulk (Jadson), Neymar e Fred (Jô). TÉC: Luiz Felipe Scolari;
ESPANHA: Casillas, Arbeloa (Azpilicueta), Sergio Ramos, Piqué e Alba; Busquets, Xavi, Iniesta, Mata (Jesús Navas) e Pedro; Fernando Torres (David Villa). TÉC: Vicente del Bosque;
Gols: Fred (2x), Neymar (Brasil);
Cartões amarelos: Arbeloa, Sérgio Ramos (Espanha);
Cartão vermelho: Piqué (Espanha).
