O Repórter

Chuva compromete primeira noite de desfiles da Série A

Por Redação...
02 de março de 2019 às 06:11
Atualizada em 06 de março de 2019 às 19:05
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Ronaldo Nina/Riotur
A Unidos de Padre Miguel foi uma das que sentiram a pista molhada
A Unidos de Padre Miguel foi uma das que sentiram a pista molhada

RIO (OREPORTER.COM*) – Normalmente, OREPORTER.COM costuma trazer em suas reportagens de carnaval quais foram as escolas de destaque em cada noite de desfile. No entanto, foi impossível elencar as protagonistas, pois a meteorologia roubou a cena e estragou a festa de muita gente. O forte temporal que atingiu o Rio de Janeiro na noite de sexta-feira (1) e na madrugada deste sábado (2) foi o grande fato da primeira noite de desfiles da Série A do carnaval carioca, na Marquês de Sapucaí. A cidade do Rio de Janeiro entrou em estágio de atenção, e a pista dos desfiles chegou a ficar inundada. Os desfiles começaram com 30 minutos de atraso, em meio às arquibancadas esvaziadas, pois muita gente nem conseguiu acompanhar as apresentações devido às dificuldades no trânsito. Mesmo assim, as agremiações tentaram fazer carnaval em meio ao caos. 

A Unidos da Ponte abriu programação, seguida pela Alegria da Zona Sul, Acadêmicos da Rocinha, Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos de Padre Miguel, Inocentes de Belford Roxo, seguida pela Acadêmicos do Sossego que fechou a primeira noite de desfiles do carnaval carioca.

Além da chuva, as escolas enfrentaram um outro contratempo: a crise. Não foi à toa que as agremiações apostaram em desfiles compactos, fantasias simplificadas, mas esbanjaram muita vontade e samba no pé. Por causa das dificuldades causadas pelo temporal, houve agremiações que tiveram problemas com a manobra dos carros, além do tempo de apresentação. Resta saber se os jurados vão amenizar essas situações na hora de colocar as notas no papel.

Veja o que cada uma delas trouxe na avenida: 

Unidos da Ponte

Unidos da Ponte (Foto: Fernando Grilli/Riotur)

A Unidos da Ponte que neste ano volta à Série A, desenvolveu uma reedição de um dos seus mais importantes enredos “Oferendas”, de 1984. Sobre o comando do Presidente Rosemberg Azevedo, a agremiação reverenciou os ritos feitos para os orixás do candomblé e da umbanda, religiões africanas que possuem diversos adeptos no Brasil.

A agremiação azul e branco, trouxe para o Sambódromo um desfile repleto de paz, alegria e religiosidade. O desfile da escola, que teve seu início após os atrasos causados pelas fortes chuvas é o que deu o pontapé inicial à disputa do Grupo de Acesso do carnaval carioca.

Alegria da Zona Sul

Alegria da Zona Sul (Foto: Daniel Quintanilha/Riotur)

A escola apresentou o enredo "Saravá Umbanda", a vermelho e branco transformou a Sapucaí em um imenso terreiro. A segunda escola da noite a desfilar, trouxe em seu samba uma reverência aos mentores espirituais, e exaltou o dom da cura realizado por eles.

A escola de Copacabana, trouxe para Marquês fantasias de caboclos, pretos-velhos, e mentores espirituais.  Alegria da Zona Sul, realizou um desfile norteado pela bandeira da caridade e do amor, que são os principais preceitos que norteiam a religião da umbanda.

Contudo, a Alegria estourou o tempo máximo de desfile, indo a 56 minutos, ou seja, um a mais do estabelecido no regulamento.

Acadêmicos da Rocinha

Rocinha (Richard Santos/Riotur)

A agremiação de São Conrado, apresentou o enredo “Bananas para o preconceito” na voz do intérprete Ciganerey. A Rocinha trouxe um grande não ao preconceito e discriminação para a Sapucaí.

O enredo trouxe como base alguns aspectos históricos e culturais da história do Brasil, exemplos como a Teoria da Evolução de Darwin e o racismo da época colonial. A tricolor de São Conrado exaltou a esperança de um mundo livre de preconceito, um mal que precisa ser erradicado pela sociedade. 

Acadêmicos de Santa Cruz

A Santa Cruz trouxe Ruth de Souza para a Sapucaí (Foto: Fernando Grilli/Riotur)

A verde e branco optou por homenagear uma das maiores artistas das artes cênicas do país, Ruth Souza, pelos 70 anos de carreira. A artista de 97 anos de idade deu nome ao enredo “Ruth Souza – Senhora liberdade, abre as asas sobre nós”, criado por Samir Trindade, Elson Ramirez e Júnior Fionda. 

A escola de Santa Cruz, exaltou a trajetória da artista, que fez parte do primeiro grupo de mulheres negras a se apresentar no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A agremiação trouxe Ruth ao Sambódromo, para coroar as conquistas desta carioca e fazê-la receber os aplausos do público.

Ruth veio logo no primeiro carro, ajudada por um guarda-chuva. Outro nome de destaque foi Lucélia Santos, que veio na pista para homenagear a vida e carreira da atriz. As alegorias tiveram dificuldades para entrar, prejudicando no tempo do desfile. Foram 57 minutoos, dois a mais que o tempo estabelecido.

Unidos de Padre Miguel

Padre Miguel (Foto: Jaqueline Araújo/OReporter.com)

“Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência”, do carnavalesco João Vitor Araújo, é o enredo da escola da Zona Oeste. A vermelha e branco falou sobre a obra e a vida de Dias Gomes, famoso pelo realismo fantástico.

A Unidos de Padre Miguel trouxe para a avenida uma homenagem ao famoso e respeitado autor, que sofreu censura no período da Ditadura Militar. O fato em questão, levou Dias Gomes a escrever para o cinema e a televisão, onde então, foi reconhecido e fez sucesso com grandes obras como: “O Pagador de Promessas”, “ Roque Santeiro”, “O Bem Amado” e “Saramandaia”. A agremiação foi mais uma que teve dificuldades, fechando com 58 minutos o seu desfile.

Inocentes de Belford Roxo

Inocentes de Belford Roxo (Foto: Rafael Max/OReporter.com)

A chuva deu uma trégua no desfile da Inocentes, o que foi vantajoso para a escola mostrar o seu samba na avenida. Com o enredo o “ Frasco do Bandoleiro”, a agremiação da Baixada Fluminense fez um paralelo com as cenas de corrupção do país, e as crendices do povo nordestino, que guardavam as fortunas e as enterravam em seus quintais.

A escola trouxe o sertão e o cangaço para a avenida, demonstrando que apesar do tempo, o povo segue sofrendo com as pessoas que se apropriam dos bens que não lhes pertencem. O enredo de Cláudio Russo e André Diniz, é um grito de protesto da azul e branco para o atual cenário de corrupção que o Brasil se encontra.

Acadêmicos do Sossego

Fechando o primeiro dia de desfiles, a Acadêmicos do Sossego apresentou o enredo “Não se meta com a minha fé, acredito em quem quiser”. Elaborado por uma comissão de compositores, a escola manda recado para Crivella na Sapucaí, e pede respeito à liberdade de escolha da religião. 

A escola de Niterói veio mostrar que independente da doutrina escolhida por cada um, juntos podemos combater a maldade. O enredo da escola é um verdadeiro manifesto pela aceitação de todas as crenças e um grande não à intolerância religiosa. 

Na passarela, a Sossego veio já sem nenhum pingo de chuva caindo na Sapucaí e com menos problemas a enfrentar. Com 54 minutos, a agremiação encerrou a programação da primeira noite de apresentações na Avenida.

(*colaboraram: Rafael Max e Jaqueline Araújo)

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