O Repórter

Com limitações, Vigário Geral abre a Série A levando a história do Brasil

Por Redação...
21 de fevereiro de 2020 às 23:38
Atualizada em 21 de fevereiro de 2020 às 23:48
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Rafael Max/OReporter.com
A Acadêmicos de Vigário Geral abriu os desfiles da Série A
A Acadêmicos de Vigário Geral abriu os desfiles da Série A

RIO (OREPORTER.COM*) - Retornando à Sapucaí após 25 anos, a Acadêmicos de Vigário abriu o primeiro dia de desfiles da Série A com o enredo “O Conto do Vigário”, e trouxe para a Apoteose as farsas contadas sobre o Brasil ser um ‘paraíso’, o que acabou frustrando os sonhos, as lutas e o desejo do país ‘se dar bem’, o samba da agremiação trouxe uma explicação do quão contraditório pode ser o famoso ‘jeitinho brasileiro’.   

A noite começou com forte chuva no Centro do Rio de Janeiro, o que deixou o município em estágio de atenção. Teve rua próxima ao Sambódromo que encheu d’água, mas o temporal de uma trégua quando a Vigário Geral adentrou na Passarela.

A tricolor fez um desfile com limitações, levando-se em conta a crise financeira pela qual a agremiação passou, tendo inclusive que realizar a encomenda do samba-enredo ao invés de fazer um concurso junto à comunidade. A acertada decisão foi tomada pela presidente Elizabeth da Cunha, juntamente com a diretoria mediante a agremiação se dar por conta que não poderia arcar com um ônus extra para o concurso. Diante da situação, a comunidade prontamente abraçou a decisão da cúpula da escola, e trouxe para a Marquês de Sapucaí muita animação, vibração e alegria.

A escola, apresentou um enredo crítico e trouxe um desfile com referências aos índios, às tribos quilombolas e aos colonizadores, este alvo das críticas iniciais do desfile. A Acadêmicos de Vigários Geral fez uma viagem no tempo, apresentando em seu desfile referências que vieram da colonização até os dias atuais, no qual o ‘homem de terno’ continua pregando mentiras, inclusive em nome da fé para se beneficiar.

A Acadêmicos de Vigário Geral, trouxe em seu primeiro setor a invenção de um paraíso chamado Brasil, e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Jefferson Gomes e Paulinha Penteado vieram representando o Cruzeiro do Sul. Neste setor a escola apresentou o povo que caiu no ‘conto do vigário’, mostrou a população local como sendo um rebanho que necessitava de um guia, nele fez referência à travessia dos portugueses ao Brasil, que aqui chegaram e deram conta que a terra já estava habitada. 

A escola veio no segundo setor com referência à escravidão, chegando ao contrabando de ouro relatado no segundo carro. A Vigário Geral buscou mostrar como os negros desviavam o ouro para comprar a alforria.

Por fim, a escola fez um passeio sobre os fatos históricos do século XX em diante. Desde a República Velha, o regime militar, os esquemas de corrupção do Brasil recente. No terceiro carro, uma referência ao carnaval, a única coisa que se leva a sério no Brasil. 

O destaque da escola fica por conta das fantasias, embora compactas, apresentavam qualidade razoável. A escola tentou mostrar alguma força nas alegorias, o que acabou não rendendo bem ao resultado final. 

Com um enredo de fácil leitura – e alguns clichês típicos de um desfile “de protesto” -, a Vigário Geral buscou um desfile que o público pudesse compreender. Portanto, a agremiação da Zona Norte tenta seguir na Sapucaí em 2021, embora seja uma missão para lá de difícil. (* colaboraram Rafael Max e Jaqueline Araújo)


Comissão de frente da Vigário Geral


Detalhe do primeiro carro


Última alegoria da Vigário Geral

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