O Repórter

Cubango tenta fazer grande desfile, mas enfrenta problemas na Sapucaí

Por Redação...
22 de fevereiro de 2020 às 03:41
Atualizada em 22 de fevereiro de 2020 às 03:49
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Rafael Max/OReporter.com
A Cubango fez seu desfile na Sapucaí
A Cubango fez seu desfile na Sapucaí

RIO (OREPORTER.COM*) - Quinta escola a desfilar pela Série A, a Acadêmicos do Cubango, de Niterói, teve como enredo “A Voz da Liberdade”, trazendo a história do patrono da abolição, Luiz Gonzaga Pinto da Gama. Negro, autodidata, poeta, jornalista e advogado, Gama foi um dos importantes personagens da história, porém é quase nada ouvimos falar sobre ele. A Cubango fez questão de trazer para a Sapucaí a história de vida deste personagem, mostrando suas raízes africanas, e a sua importante participação no Movimento Abolicionista de luta pela liberdade dos negros escravizados de sua época.

Os carnavalescos Raphael Torres e Alexandre Rangel, fizeram uso de acontecimentos históricos estudados e datados, como foi a Revolta dos malês, ocorrida em 1835, na Bahia. A escola apresentou a questão do uso da mão-de-obra escrava durante o período do café, do algodão, cana-de-açúcar e ouro. 

A Agremiação fez esse desfile como forma de homenagear Gama, numa tentativa de resgatar e inserir o esquecido personagem na história oficial de nosso país. A Verde e Branco sabe que devido à falta de registros oficiais e documentos datados, como certidão de nascimento e de batismo, dificulta o merecido reconhecimento deste que tanto fez pelos então marginalizados.

Para a diretoria da escola, Luiz Gama deve ser visto como sendo um verdadeiro herói, pois lutou arduamente pela liberdade de seus iguais, os negros, que pouco podiam fazer pela sua própria liberdade. Ele, que atuou como advogado, mesmo sem ter a formação em advocacia, ou seja, um rábula, ele defendeu inúmeros escravizados em suas questões judiciais.

A Acadêmicos da Cubango trouxe uma importante relação entre a luta de Gama e as Características da escola, a luta ferrenha pela liberdade igualdade e resistência dos escravizados. Pois, há fortes indícios que a Agremiação teve sua formação em um Quilombo, fato que foi mencionado no desfile de 2015.


Detalhe do segundo carro (Foto: Rafael Max/OReporter.com)

A escola representou na Sapucaí a ancestralidade africana de realeza, a casa que Luiz viveu na Bahia, alguns locais de trabalho escravo, e o Movimento Abolicionista. A Cubango apresentou uma relação entre a luta dos ancestrais negros da época da colonização, e a luta do povo negro na sociedade atual, onde continuam a buscar pela igualdade de direitos, liberdade, e dignidade deste povo tão guerreiro. 

Na Sapucaí, a escola tentou mostrar um desfile arrojado, mas acabou pecando na evolução. Isso porque o abre-alas acabou se desacoplando, ficando apenas um pano ligando as duas partes do carro na tentativa de não ser penalizada. 

A Cubango buscou traçar a história da escravidão até chegar na luta abolicionista, passando também pelos aspectos culturais dos afro-brasileiros. Seria um grande desfile, se não fossem as falhas fatais na avenida. Ainda assim, a agremiação não deve ter problemas para seguir na Série A. (*colaboraram Rafael Max e Jaqueline Araújo)

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