SÃO PAULO (ANSA) - O desmatamento na Amazônia cresceu 22% e atingiu o maior valor desde 2006, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os números chegam menos de uma semana depois do encerramento da COP26, quando o Brasil prometeu reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 50% até 2030 e zerar o desmatamento ilegal até 2028.
Segundo o Inpe, foram desmatados 13.235 quilômetros quadrados de vegetação na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021, maior cifra anual desde o mesmo período entre 2005 e 2006, com 14.286 quilômetros quadrados.
O recorde da série histórica foi registrado em 2004, com 27.772 quilômetros quadrados. A partir daí, o índice apresentou queda quase ininterrupta até 2012, quando atingiu o piso de 4.571 quilômetros quadrados.
Desde 2018, no entanto, são quatro anos seguidos de expansão. Os dados são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes).
O relatório ficou pronto em 27 de outubro, quatro dias antes do início da COP26, mas foi divulgado apenas depois da conclusão da cúpula climática, onde o Brasil foi cobrado a reduzir o desmatamento na Amazônia.
Por meio de nota, o Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT) disse que esses números eram muito aguardados e que o governo mentiu sobre sua divulgação.
"Jornalistas especializados buscaram informações com membros do governo brasileiro e foram informados que o Prodes ainda não tinha concluído o seu relatório anual. Pura mentira!", afirmou a entidade sindical.
A notícia do aumento do desmatamento também chega dois dias depois de o poder Executivo da União Europeia ter apresentado uma proposta para proibir a importação de produtos provenientes de áreas de desmate, como carne bovina, soja, cacau e madeira.