O Repórter

EUA inaugura embaixada em Jerusalém em meio a protestos

Mais de 40 palestinos morreram e outros 2 mil ficaram feridos

Por Redação...
14 de maio de 2018 às 14:00
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TEL AVIV, ISR (ANSA) - Em um dia marcado por intensos conflitos na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, que já deixaram 52 mortos e 2,4 mil feridos, os Estados Unidos inauguraram nesta segunda-feira (14) sua embaixada em Jerusalém.

A cerimônia foi iniciada com o hino nacional norte-americano e contou com a presença da filha do presidente Donald Trump, Ivanka, e seu marido, Jared Kushner, além do embaixador dos EUA no país, David Friedman, o subsecretário de Estado, John Sullivan, e o secretário do Tesouro, David Mnuchin. O presidente de Israel, Reuven Rivlin, e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, também acompanharam o evento.

"Este é um momento histórico. Presidente Trump, ao reconhecer o que pertence à história, você fez história", disse o premier.

Netanyahu ainda afirmou que só se pode construir a paz com a verdade, e "a verdade é que Jerusalém é a capital do povo israelense".

Mesmo ausente, Trump enviou uma mensagem a cerca de 800 pessoas presentes na cerimônia, por meio de vídeo. "A capital de Israel é Jerusalém. Israel como todo Estado soberano tem o direito de determinar sua capital", disse.

"Nossa maior esperança é a da paz. Os Estados Unidos continuam plenamente comprometidos a facilitar um acordo de paz duradouro", afirmou Trump.

A inauguração cumpre uma das mais polêmicas promessas do presidente norte-americano, o que gerou grande reprovação da comunidade internacional.

O embaixador Friedman ressaltou que hoje a administração Trump cumpre uma promessa feita ao povo norte-americano e dá a "Israel o mesmo direito que a qualquer outro país: o direito de designar sua capital".

O dia da cerimônia de inauguração acontece na mesma data em que o Estado de Israel completa 70 anos. A nova embaixada está instalada no bairro de Arnona, em Jerusalém Ocidental, em um prédio construído em 2010, dentro da seção de vistos do consulado-geral dos EUA. Uma placa foi revelada durante o evento.

Mais cedo, Trump comemorou, em uma publicação no Twitter, a inauguração da embaixada norte-americana em Jerusalém e disse que o momento "é um grande dia para Israel".

- Conflitos em Gaza:

A decisão do magnata tem gerado diversos conflitos na Faixa de Gaza, mas ele não fez nenhuma referência aos atos violentos.

Nesta manhã, pelo menos 41 manifestantes palestinos foram mortos durante os confrontos com o Exército israelense ao longo da barreira defensiva com Gaza, informou a agência "Maan", citando o Ministério da Saúde local. Segundo a agência, entre as vítimas está Hamdan Qudeih, 21 anos, que foi morto a tiros. Mais de 2 mil palestinos estão feridos.

As autoridades mobilizam os cidadãos para doarem sangue em prol das vítimas.

Os conflitos entre os manifestantes e o Exército de Israel tiveram início na Cisjordânia, principalmente em Belém e Hebron, mas foram registrados em outros locais também, como Kalandia, ao norte de Jerusalém.

O exército fortaleceu sua presença ao longo da fronteira com mais dois batalhões. Além disso, o Exército de Israel afirmou ter frustrado um ataque terrorista em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em meio aos conflitos registrados na região.

"Um comando de três terroristas armados estava tentando detonar uma bomba. Nossas forças reagiram e os três morreram", disse um porta-voz.

De acordo com a imprensa local, os militares utilizaram um tanque de guerra para combater o grupo. O porta-voz dos militares ainda disse que aviões israelenses também atingiram um alvo de Hamas em Jabalya, no norte de Gaza, após um tiroteio.

Desde 30 de março, milhares protestam na fronteira, na chamada Grande Marcha do Retorno, que evoca o direito dos palestinos de retornarem para locais de onde foram retirados após 1948.

- Repercussão:

A primeira-ministra britânica Theresa May disse que o Reino Unido está preocupado com os relatos de violência e morte na Faixa de Gaza e pediu "calma e contenção".
Já o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, pediu que todas as autoridades de Israel exercitem a "moderação". Além disso, ele afirmou que a decisão dos EUA de mudar sua embaixada para Israel desrespeitou a lei internacional e as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

"A França apela para que todos os autores mostrem responsabilidade para evitar uma nova escalada [de violência]", disse. A União Europeia, por sua vez, pediu "máxima moderação" das autoridades depois dos conflitos.

Em Viena, o secretário-geral da ONU, António Guterres, revelou estar "especialmente preocupado" pela situação. "Assistimos a uma multiplicação dos conflitos, os velhos conflitos parecem não morrer jamais", disse.

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