O Repórter

Estácio de Sá abre o Grupo Especial com a difícil missão de permanecer na elite

Por Redação...
23 de fevereiro de 2020 às 22:38
Atualizada em 24 de fevereiro de 2020 às 14:05
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Rafael Max/OReporter
Detalhe do abre-alas da Estácio de Sá
Detalhe do abre-alas da Estácio de Sá

RIO (OREPORTER.COM*) - Primeira escola a desfilar pelo Grupo Especial, a Estácio de Sá contou o enredo “Pedra”, da carnavalesca Rosa Magalhães, que neste carnaval completa 50 anos de avenida. A escola apresentou uma narrativa que mostrou a beleza sólida desse material que é a essência de nosso planeta. No decorrer do desfile observamos que a Pedra sempre esteve presente em vários recortes da história de nosso país, desde as primeiras inscrições rupestres.

A escola mostrou a importância dessa beleza sólida desde a ancestralidade, onde os antigos povos a usavam para fazer registros de suas passagens pelo mundo. A Estácio mostrou em seu desfile, o olhar de que as pedras sempre foram importantes, pois elas eram as guardiãs de animais pré-históricos, fontes de riqueza do reino português, morada de espíritos indígenas e também a razão da exploração na busca por riquezas. 

A proposta da Vermelho e Branco foi a de mostrar uma viagem desde a antiguidade até os dias atuais, apresentando a importância deste material para a humanidade e sua história. Em meio a diversas mensagens, a Estácio lembrou tantas pedras importantes, e fez uma ligação entre os acontecimentos e fatos históricos e os misturou à poesia. 


Foto: Giancarlo Franco/OReporter.com

Com um olhar diferenciado, a escola recitou versos do poeta Carlos Drummond de Andrade, que nasceu em Itabira, Minas Gerais, e explicou com muito humor as pedras no caminho. A Estácio optou por dar visibilidade a este material, desde os primórdios, mostrando a força ancestral das pedras, realizou um passeio pela mitologia, pela história e pela religiosidade.

A Vermelho e Branco fez uma viagem no tempo e trouxe a importância das pinturas rupestres que eram desenhadas nas pedras, mostrou as belezas, os mistérios, e o fascínio que as pedras preciosas geram nos seres humanos. Ao retratar o Brasil colônia, a escola trouxe uma homenagem à Chica da Silva, figura emblemática deste período histórico. 

Para contar a história da Pedra, a escola retratou o período da mineração, mostrou as pedras preciosas que eram símbolos de poder e riqueza, e cantou a beleza dos diamantes, do ouro e tantas outras pedras preciosas. A Estácio trouxe para a Sapucaí figuras como os índios, símbolo de resistência e que habitavam a região da Serra Mineira, e também a população do interior do Brasil, os garimpeiros, e os retirantes, homens da terra, que muitas vezes eram obrigados a abandonar a sua terra natal, em busca de melhores condições. 


Foto: Giancarlo Franco/OReporter.com

Em seu desfile, a Estácio percorreu as serras, jazidas, e as minas, e retratou os estados do Pauí, Minas Gerais e o Pará. Essa parte do enredo foi praticamente uma aventura em busca das pedras que representavam a independência financeira de muita gente. 

A escola representou a religiosidade trazendo uma homenagem a São Jorge, que segundo a tradição popular brasileira é morador da Lua, e possui forte influência da cultura africana. E, dentre as tantas pedras apresentadas no enredo, a Estácio de Sá retratou a memória da escola, trazendo na ala “Os guardiões da pedra fundamental do samba” uma homenagem à própria agremiação, que é considerada neste enredo a pedra fundamental deste grande patrimônio cultural, por ser a primeira escola de samba criada.  

E para concluir a mensagem, sobre as diversas pedras espalhadas pelo caminho, Rosa Magalhães relembrou a amostra da pedra lunar que foi trazida pelos astronautas ao solo de nosso planeta. A carnavalesca apresentou em seu desfile uma reflexão de que se não cuidarmos e preservarmos a nossa terra e riquezas, a Terra ficará como a Lua, um simples amontoado de pedras e crateras, sem vida alguma.

Campeã da Série A de 2019, a Estácio de Sá chega à Sapucaí com a ingrata missão de abrir os desfiles da elite do carnaval.  Isso porque o júri não costuma dar moleza para quem é a primeira a se apresentar na passarela. 

A Estácio de Sá buscou mostrar algum impacto com a comissão de frente e o abre alas, mas foi perdendo o brilho ao longo do carinho. Ironicamente a partir da parte em que se fala das pedras preciosas. A vermelho e branco de São Carlos fez um desfile digno, mas restou para a escola a briga pela permanência no Grupo Especial, pois duas agremiações serão rebaixadas para a Série A de 2021.  Missão difícil até mesmo para a veteraníssima Rosa Magalhães, campeã de tantos carnavais. (*colaboraram Rafael Max e Jaqueline Araújo)


Foto: Giancarlo Franco/Oreporter.com

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