O Repórter

Morre o cineasta José Mojica Marins, criador do Zé do Caixão

Por Redação...
19 de fevereiro de 2020 às 18:10
Atualizada em 14 de agosto de 2021 às 22:46
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Divulgação
José Mojica Marins ficou conhecido pelo papel de Zé do Caixão
José Mojica Marins ficou conhecido pelo papel de Zé do Caixão

RIO (OREPORTER.COM) - Morreu nesta quarta-feira (19) aos 83 anos, o ator e cineasta José Mojica Marins. Ele foi conhecido por criar o personagem Zé do Caixão, sendo considerado o pai do cinema de terror no Brasil.

A morte foi confirmada pela filha do diretor, a também cineasta Liza Marins. Ele estava internado desde o dia 28 de janeiro no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo após uma broncopneumonia.

Nascido em 13 de março de 1936, em São Paulo, José Mojica Marins tem mais de 60 anos de carreira. Apaixonado por cinema desde a juventude, tinha ganhado uma câmera de seu pai aos 12 anos de idade. Aos 17, fundou uma escola de interpretação e fundou a Companhia Cinematográfica Atlas.  Seu primeiro filme saiu em 1958, batizado de "A Sina do Aventureiro", uma produção do gênero faroeste que trazia vários atores oriundos de sua própria escola de interpretação.

Mas foi com o gênero de terror que Mojica se consagrou. Em diversas entrevistas para a imprensa, Mojica conta que a inspiração para o personagem Zé do Caixão veio após um pesadelo em que ele próprio era arrastado para um túmulo. 

A primeira aparição do personagem veio em "À Meia-Noite Levarei Sua Alma" (1963). O filme traz Zé do Caixão em uma cidade do interior, onde é um agente funerário temido pelos moradores. O grande objetivo do sádico personagem é encontrar a mulher ideal para gerar um filho perfeito. Em 1967 o personagem volta em "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver". Em 1968 lança "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" um filme com três curtas de terror, mas o conhecido personagem não aparece nas histórias.

Em 1969, filma "O Despertar da Besta", mas o longa só foi lançado em 1983 por causa da censura da época. Mojica faz desse filme um pseudo-documentário onde o diretor interpreta a si mesmo, fazendo referências aos outros longas.

Nos anos seguintes, devido às dificuldades financeiras, passou a dirigir pornochanchadas. José Mojica Marins dirigiu longas como "A Virgem e o Machão" (1974) e "Como Consolar Viúvas" (1976), ambas com o pseudônimo J. Avelar. Mas não deixou de filmar obras de terror, como "A Estranha Hospedaria dos Prazeres" (1976), onde também atuava.

Com a decadência da pornochanchada e a chegada da pornografia, Mojica também filmou obras com sexo explícito. "24 Horas de Sexo Explícito" (1985) é considerado um clássico da pornografia nacional. Também dirigiu a continuação "48 Horas de Sexo Alucinante" (1987).

Até os anos 1980 esteve ligado à Boca do Lixo, região de São Paulo onde ficavam os estúdios populares de cinema da época. Também fazia participações em filmes de outros diretores, geralmente interpretando vilões ou em outras encarnações do Zé do Caixão. Mas a saga do personagem só ganhou uma terceira continuação oficial com "Encarnação do Demônio" (2008), que marcou o retorno do profissional após mais de 20 anos longe da direção.

Nos anos 1990, José Mojica Marins apresentou o "Cine Trash", na TV Bandeirantes, onde fazia a introdução dos filmes de terror exibidos pela emissora. Nessa mesma época seus filmes foram lançados no exterior, alcançando notoriedade principalmente nos Estados Unidos.

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