O Repórter

Obstáculos Olímpicos

Por Redação...
11 de agosto de 2021 às 19:22
Atualizada em 11 de agosto de 2021 às 20:58
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Por Márcio Coimbra*

Chegamos ao final de um virtuoso ciclo olímpico para o Brasil. Uma participação que mostra o enorme potencial desportivo do país. Mesmo diante de dificuldades alcançamos uma melhora significativa em número de participantes e conquistas. Nós, que acompanhamos de longe os feitos de nossos atletas, terminadas as duas semanas de jogos, precisamos nos perguntar como o Brasil irá se preparar para 2024.

Em nosso país possuímos ilhas de excelência em algumas modalidades, entretanto, na sua maioria vemos nossos atletas lidando com falta de apoio, patrocínios, incentivos e reconhecimento. Como nação, não podemos sumir pelos próximos três anos de preparação para assistirmos os jogos de Paris cobrando medalhas e resultados sem termos nos envolvido para que um patamar mais alto fosse atingido.

Ficamos emocionados com o empenho de Darlan Romani, quarto melhor em arremesso de peso no mundo, que treinava antes das Olimpíadas em condições improvisadas em um terreno baldio ao lado de sua casa. Comovente ver Laila Ferrer ter que treinar o lançamento de dardo ao lado do Obelisco do Ibirapuera em São Paulo e improvisar aparelhos de treinamento em casa com cabo de aço, cano, bolinha de beisebol e uma empunhadura. Nossos atletas são mais que heróis.

Sabemos que o esporte é elemento importante na formação de nossos jovens. Pode ajudar na mobilidade social, abrir portas de estudo, afastar das drogas, fornecer rumo profissional, além de diminuir a violência urbana e impulsionar a economia. São tantas as portas abertas que é difícil listar. Difícil entender porque não existe um modelo consolidado de incentivo aos nossos jovens para escolher este caminho.

Fato é que não podemos depender dos governos para criar políticas de incentivo e financiamento. Nosso esporte não pode estar à mercê de políticos e suas conveniências eleitorais. É preciso um programa permanente, ousado, em parceria com a iniciativa privada, que fomente talentos, incentive os jovens e faça com que o esporte trabalhe pelo Brasil, pela nossa sociedade e economia.

Assim, antes de cobrarmos medalhas e resultados de nossos atletas, devemos olhar para nosso país e enxergar o que estamos fazendo para formar novas gerações, olhar nossas universidades que podem servir de celeiro, construindo ligas, fornecendo bolsas para que nossos competidores tenham possibilidade de seguir carreiras diversas depois de seus ciclos esportivos. É possível construir a excelência que cobramos.

Estamos começando um novo ciclo olímpico que significa oportunidade. Diante de nossa mais exitosa participação em Olimpíadas, temos a possibilidade de implementar novos métodos, centros de treinamento e correlacionar o esporte com educação de forma inteligente. Nossas arenas olímpicas estão paradas e fechadas, sofrendo com a ação do tempo, enquanto poderiam ser excelentes centros de treinamento. Nossos empresários deveriam assumir o comando deste processo com patrocínios, material esportivo e adoção do legado olímpico que temos no Brasil.

O esporte é uma pauta positiva que pode mudar a face de um país, de nossa educação e nossa economia. Ao invés de cobrar medalhas e resultados, chegou a hora de cobrarmos preparação. Um país que prepara para o esporte, prepara também para a vida. Temos em nossas mãos mais uma preciosa oportunidade.

*Márcio Coimbra é Presidente da Fundação Liberdade Econômica. Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal. Coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007), Espanha.

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