RIO – Terminou na madrugada desta segunda-feira (3) a primeira noite dos desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Unidos de Padre Miguel, Imperatriz, Viradouro e Mangueira foram as escolas que passaram pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí.
Na primeira noite de desfiles quem se destacou foi a Mangueira, que tenta voltar ao desfile das campeãs após ter ficado de fora no ano passado. A verde e rosa foi campeã pela última vez em 2019.
Pela primeira vez, o Grupo Especial terá três noites de desfiles. Nesta segunda-feira (4), Unidos da Tijuca, Beija-Flor, Salgueiro e Vila Isabel estarão presentes na Avenida.
Veja como cada agremiação desfilou:
Unidos de Padre Miguel – A vermelho e branco da Zona Oeste do Rio de Janeiro, voltou a desfilar na elite do carnaval carioca após 53 anos. Alexandre Louzada desenvolveu o enredo “Egbé Iya Nassô”, sobre a ialorixá Francisca da Silva Iya Nassô, fundadora do Candomblé da Barroquinha, em Salvador. A Padre Miguel exaltou a Corte de Oyó, homenageando Xangô e Oxalá. Depois, a escola retratou a travessia dos negros escravizados ao Brasil, introduzindo a figura de Iya Nassô e da luta para a manutenção da cultura yorubá no Brasil. Em seguida, foi a vez de trazer a fundação do Candomblé da Barroquinha e do sincretismo religioso. O quarto setor trouxe a revolta dos Malês, episódio da revolta dos negros escravizados na Bahia. Por fim, a escola retratou a deportação de Iyá Nassô e seus filhos para Uidá (na atual Benin) e o retorno de Marcelina Obatossi, que recomeçou os trabalhos na Casa Branca. O último carro reverenciou Olorum, Xangô e os Orixás.
Imperatriz Leopoldinense – Leandro Vieira projetou o enredo “Omi Tútú ao Olúfon - Água Fresca para o Senhor de Ifón”. O carnavalesco traz o reino místico de Ifón, governado por Oxalá. Vieira mostra uma narrativa em que Oxalá visita Xangô, em que é aconselhado por um sábio a fazer uma oferenda a Exu. Entretanto, isso não acontece, e Oxalá é vítima das travessuras de Exu. Ao chegar no reino de Xangô, acaba sendo confundido com um ladrão e é preso. Xangô descobre que Oxalá havia sido preso injustamente, e a paz volta a reinar após Oxalá ser banhado com água fresca. Esse ritual ainda é bastante lembrado no Candomblé.
Unidos do Viradouro – A vermelho e branco de Niterói faz a sua defesa do título do ano passado com o enredo “Malunguinho: O Mensageiro dos Três Mundos”, de Tarcísio Zanon. A Viradouro aborda o Malunguinho, entidade presente em terreiros na região nordeste do Brasil que é inspirada em João Batista, líder do Quilombo de Catucá. De acordo com a tradição dos cultos afro-brasileiros, Malunguinho virou um poderoso espírito após completar seu curso na Terra. A vermelho e branco iniciou seu desfile contando a origem ancestral de João Batista, no Congo e Angola. A agremiação chega à zona da mata, onde se estabeleceu o Quilombo do Catucá. Após sua morte, ele passa a se manifestar como um caboclo e depois como um exutrunqueiro. A escola fecha seu desfile retratando Malunguinho como o “senhor das encruzilhadas”.
Detalhe da comissão de frente da Viradouro (Foto: Eduardo Hollanda/RioCarnaval)
Mangueira – A verde e rosa traz o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, de Sidnei França. A agremiação traz a origem dos povos bantus, que foram levados como escravos para o Rio de Janeiro. O carnavalesco busca mostrar a influência do povo bantu na cultura do Rio de janeiro, incluindo o samba e o funk. O destaque da verde e rosa ficou por conta das alegorias bem detalhadas.
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