RIO - O Paraíso do Tuiuti foi a segunda escola a desfilar na última noite de desfiles do Grupo Especial. A escola de São Cristóvão trouxe o enredo “Quem tem Medo de Xica Manicongo?”, de Jack Vasconcellos.O enredo aborda a história de Francisco Manicongo, um escravo africano do século XVI que, segundo o antropólogo e ativista Luiz Mott, teria sido um dos primeiros casos documentados de africanos homossexuais. Na década de 2000, a ativista negra e travesti Majorie Marchi resgatou a história de Manicongo, rebatizando-a como Xica Manicongo. Ao trazer esse enredo para a Sapucaí, o Paraíso do Tuiuti acredita que Manicongo teria sido “a primeira travesti da história do Brasil”.

No desfile, a escola reimagina a vida de Manicongo, colocando-a como “filha do Exu de Duas Cabeças” no abre-alas. Já a comissão de frente trouxe várias travestis, incluindo a deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), que guardou segredo sobre sua participação nesse setor. Ela ainda discursou no esquenta da escola, fazendo uma defesa aos direitos dos transexuais e travestis.

O segundo carro trouxe a vida de Manicongo na Bahia. A transformação de Manicongo acontece em meio aos indígenas que, segundo a proposta da escola, não tinham tabus sexuais até a colonização. A escola finalizou o desfile com a luta pelos direitos dos transexuais. O último carro, apelidado de "traviarcado", celebra Xica Manicongo como líder ancestral.

Na Sapucaí, o Tuiuti tenta retornar ao desfile das campeãs, sendo que sua única participação foi em 2018, quando foi vice-campeã (até hoje, sua melhor posição no carnaval). A agremiação teve que acelelar o passo nos minutos finais, prejudicando a evolução. O destaque fica por conta da construção do enredo, coerente com a proposta da escola. Porém, o Tuiuti deve oscilar entre a parte intermediária da tabela e as últimas posições na apuração da quarta-feira de cinzas.